Os pesquisadores do Grupo de Pesquisa Observatório Social do Departamento de Economia da UFSCar contribuem para a construção do conhecimento científico a partir de um ambiente de pesquisa multidisciplinar e interinstitucional. Confira algumas das publicações científicas dos integrantes em periódicos nacionais e internacionais:
Resumo: Este estudo investiga os determinantes da percepção de segurança auto reportada pelos indivíduos. Enfatiza a diferença entre as áreas urbanas e rurais e analisa os efeitos da segurança percebida pela vizinhança e da vitimização da vizinhança (vitimização indireta). Os vizinhos oferecem informações uns aos outros à medida que interagem, afetando como cada indivíduo percebe a segurança. Dados da Pesquisa de Vitimização e Justiça no Brasil em 2009 são utilizados para estimação de modelos probit, controlando por variáveis socioeconômicas para indivíduos e suas vizinhanças. Unidades primárias de amostragem são consideradas para delimitação das vizinhanças e o conceito urbano-rural é dividido em quatro categorias: urbano, periurbano, rural acessível e rural remoto. Os resultados mostram que a percepção de segurança da vizinhança afeta a percepção de segurança individual e que esse efeito diminui nas áreas rurais. Em relação à vitimização da vizinhança, os resultados não foram os esperados e a sua relação com a percepção de segurança e as diferenças entre as áreas urbanas e rurais não puderam ser avaliadas.
Abstract: With about 12 million inhabitants, São Paulo, Brazil, is the largest city in South America. As in many other major southern hemisphere cities, this extreme concentration of people imposes a number of mobility and security challenges. The objective of this article was to investigate the space-time patterns of mobility and violent victimisation in São Paulo’s metro stations from a gender perspective. The methodology combines use of a Geographical Information System (GIS), statistical analysis through negative binomial regression modelling and hypothesis testing. Results indicate that mobility and the level of victimisation are gender dependent. Women are at higher risk of victimisation than men in São Paulo’s central metro station, while men run higher risk of violence at end stations – both notably during late night periods. The presence of employees reduces the risk of violence, except during the mornings. The article suggests that crime prevention initiatives need to be gender informed and sensitive to the particular spatial and temporal features of rapid transit environments.
Resumo: Existe certo consenso de que a pandemia pode ampliar desigualdades preexistentes no mercado de trabalho e que uma questão essencial são as possibilidades desiguais de trabalhar remotamente. Este estudo avalia as desigualdades no trabalho remoto no Brasil por meio de análises descritivas e modelos Probit aplicados aos microdados da PNAD COVID-19. Constatamos que os trabalhadores que menos trabalharam remotamente foram os mais pobres, homens, residentes rurais, não brancos, mais jovens, sem ensino superior, autônomos ou assalariados sem carteira de trabalho assinada e trabalhadores agrícolas. Uma parte importante disso decorre de diferenças na seleção nas ocupações; mas, algumas variáveis mantiveram efeitos independentes importantes, principalmente a educação superior e a renda do trabalho. Logo, quanto à possibilidade de trabalho remoto, a pandemia teve efeito de ampliar desigualdades existentes, favorecendo os trabalhadores mais ricos, escolarizados e formalizados e impondo aos demais a necessidade de escolha entre emprego e renda e risco de contágio.
Resumo: O Bolsa Família é um programa de transferência condicionada de renda que tem como propósito erradicar a pobreza e promover um maior acesso à saúde e educação. Dados os seus benefícios e condicionalidades, o programa gera diversos impactos na sociedade. Este trabalho tem como objetivo analisar o efeito do Bolsa Família sobre as taxas de emprego, mortalidade e trabalho infantil, renda domiciliar e proporção de pobreza nos municípios brasileiros. Para tanto, foram utilizados dados em painel para os anos de 2000 e 2010, extraídos do Ipeadata e do DataSUS. Como resultado desta pesquisa obteve-se resultados estatisticamente significativos e com o sinal esperado entre o PBF e as taxas de emprego, mortalidade infantil e renda domiciliar, apesar de pequenos.
Resumo: Este trabalho analisa o crescimento econômico brasileiro nos governos FHC e Lula sob a ótica do crescimento pró-pobre, por meio das elasticidades renda-pobreza e desigualdade-pobreza. Para tanto, utilizam-se dados da PNAD para as 27 Unidades Federativas do Brasil de 1995-2010. Os resultados revelam que o governo FHC não alcançou crescimento pró-pobre, com semi-estagnação da proporção de pobres. O governo Lula atingiu crescimento pró-pobre, os efeitos parciais da renda e da desigualdade estiveram acima de 2 p.p e 5 p.p., respectivamente. O cenário externo favorável, mas principalmente as políticas de inclusão social contribuíram para o resultado do governo Lula.
Resumo: Este artigo buscou avaliar os períodos dos governos FHC e Lula, bem como o período completo de 1995 a 2010, com objetivo de investigar em que medida o Brasil teve seu potencial de crescimento econômico limitado por restrições no balanço de pagamentos e quais diferenças observáveis entre os períodos. Para a análise empírica, adotou-se o procedimento econométrico de cointegração, empregado para estimativas de elasticidades-preço e renda da demanda por importação dos períodos, tendo como resultado um relaxamento na restrição externa no período Lula comparativamente ao governo FHC. Os resultados indicam que embora as restrições externas tenham reduzido durante o governo Lula em relação ao governo FHC, há evidências de que continuaram desempenhando papel relevante sobre a taxa de crescimento de longo prazo do Brasil.
Resumo: Uma das hipóteses apresentadas e testadas em estudos teóricos e empíricos acerca da economia do crime consiste no mecanismo de encarceramento como forma de elevar os custos da prática da atividade ilegal e, consequentemente, promover a redução da taxa de crimes. No Brasil, a estratégia de encarceramento como forma de aumentar os custos da atividade criminosa tem sido amplamente adotada, no entanto, a relativa desordem do sistema prisional brasileiro gera questionamentos quanto ao seu efeito sobre a redução da taxa de crimes. Diante desse cenário, a hipótese desse estudo é que o encarceramento de homicidas, como mecanismo de elevação do custo da atividade de homicídios, não é capaz de reduzir a taxa de homicídios no Brasil. Para testar essa hipótese, o objetivo desta pesquisa foi verificar, empiricamente, se existe o efeito encarceramento sobre homicidas no País, sendo avaliada a relação entre o número de indivíduos presos e condenados por homicídio ou latrocínio e as taxas de homicídios. Foram utilizados modelos econométricos dinâmicos, estimados pelo método de GMM em sistemas. Após as estimativas, a relação investigada não se mostrou estatisticamente significante, concluindo-se, portanto, que o encarceramento de homicidas não atuou como um mecanismo redutor da taxa de homicídios no Brasil, no período analisado.